45 anos da Luisa Strina: sabia que a galeria brasileira está entre as mais reconhecidas do mundo?
Saiba quais foram os passos certeiros da galerista paulistana para que seu espaço seja um dos mais renomados a nível mundial
Em 1974, quando São Paulo não tinha sequer uma galeria dedicada à arte contemporânea, Luisa Strina abriu um espaço composto apenas por artistas em produção e deu seu nome a ele – costume que os galeristas americanos já tinham e que os brasileiros passaram a cultivar depois da inauguração da Galeria Luisa Strina (@galerialuisastrina). Hoje, o nome dela figura na lista dos cem mais influentes do mundo da arte:
QUEM NÃO ARRISCA, NÃO PETISCA
Não há um manual do passo-a-passo para o sucesso de figuras como Luisa Strina (@luisastrina) virarem um parâmetro no mercado de arte nacional e internacional. Mas uma coisa é certa: deu muito trabalho. Foi principalmente nos primeiros 20 anos da galeria que ela apostou em artistas como Cildo Meireles (@cildomeireles), Waltercio Caldas, Tunga e Mira Schendel, para citar alguns, que construíram a história da arte contemporânea brasileira (o álbum de fotos históricas acima é delicioso de se ver!). Era uma vontade da Luisa nos seus trinta e poucos anos de idade investir em artistas que experimentavam obras conceituais e em suportes não tradicionais. Ela não só tinha e tem o tal do “bom olho”, mas trabalhava lado-a-lado para colocar suas produções em exposições nos santuários da arte mundial e – num segundo momento – ajudar a tornar as obras objeto de desejo de colecionadores.
PAPO RETO
Num cenário onde relações frágeis são permeadas por politicagens e pompa e circunstância, Luisa Strina parece não ter medo de dizer o que pensa. Ela anda por aí sempre de preto e é conhecida por ser direta e reta nas suas opiniões. Mas suas atitudes nada cerimoniosas são ao mesmo tempo objetivas e convincentes: quando ela passa a representar um artista, ele ganha uma chancela que lhe abre portas em todo o mundo. Ela foi a primeira galeria brasileira a ser convidada para participar da Art Basel, a mais importante feira de arte baseada na Suíça, em 1990 – desta maneira, foi grande responsável por levar a arte contemporânea brasileira para o cenário internacional. De lá ela também passou a participar do seleto grupo de pessoas que estruturaram a Art Basel Miami Beach. Isso, sem dúvidas, ajudou na sua reputação internacional e a enquadrar alguns dos seus artistas como autores de obras “blue chip” – aquelas que aumentam de valor sempre, mesmo quando a economia não vá lá muito bem. Desde 2012, ela está na lista da revista britânica Artreview, Power 100, como uma das mais influentes figuras da arte – ano passado, ela ocupou a 79a posição.
PARAGEM OBRIGATÓRIA
Em São Paulo, a galeria nos Jardins também é local de referencia para conhecer obras de artistas internacionais desde 1980. Foi lá onde eu pude me maravilhar com as produções do chileno Alfredo Jaar, o colombiano Nicolás Paris, o espanhol Antoní Muntadas e Mateo López (leia aqui a entrevista que fiz com o artista colombiano na ocasião da sua exposição em 2016). A verba aliada aos contatos de Luisa Strina com os maiores galeristas, curadores e diretores do mundo possibilitam à galeria montar exposições dignas de museus. Artistas mulheres brasileiras como Anna Maria Maiolino, Fernanda Gomes, Laura Lima (leia aqui minha matéria sobre a artista para a Harper’s Bazaar) e Marina Saleme (@marinasaleme) também são meninas dos olhos da galeria, que hoje representa 42 artistas, sendo metade brasileiros e metade estrangeiros. E assim o espaço nos ajuda a criar repertório!
SEJA SEM VERGONHA
Para visitar as duas salas na sede principal da galeria em São Paulo – que fica no térreo de um conjunto de escritórios na rua Padre João Manuel – é necessário atravessar o espaço de trabalho da equipe da galeria. Mas não se acanhe: encare como uma oportunidade para conhecer os bastidores desta “empresa”. Os funcionários estão mais do que acostumados de ver novas caras passando pela sua mesa.
Assista: Qualquer pessoa pode frequentar uma galeria de arte?
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