O que é uma Bienal?
Para artistas e curadores, o evento é um dos pontos mais altos da carreira. Para nós, meros mortais, é uma chance de perceber os desenvolvimentos mais importantes na arte mundial
A definição da palavra bienal é ampla demais: qualquer exposição que aconteça a cada dois anos se encaixa. Em São Paulo, a palavra também é o apelido de um prédio no Parque do Ibirapuera, que recebe os mais diferentes tipos de eventos (de arte ou não). A cada dois anos, o Pavilhão Ciccillo Matarazzo mostra para o que ele veio: durante cerca de cem dias acontece a Bienal de São Paulo, que não é só importante para o calendário cultural da cidade, como a segunda mais antiga e importante bienal do globo.
Mais do que se caracterizar pelo número gigantesco de obras assinadas por artistas do mundo todo, uma bienal atinge um objetivo grandioso: sintetizar os desenvolvimentos da arte contemporânea dos últimos 24 meses em uma só exposição. A ideia é que ela localize intersecções comuns nas infinitas possibilidades que os artistas produzem pelo mundo. Não parece ser uma tarefa fácil, né?

Obra de Mark Bradford na Bienal de Veneza de 2017 (Foto: Sofia Saleme)
BIENAL NO CURRÍCULO
É por isso que um dos pontos mais altos da carreira profissional de um curador é ser responsável por uma bienal de peso. Esse profissional tem que organizar uma exposição indispensável para o espaço e tempo em que a bienal está acontecendo. Ele pode convidar co-curadores para trabalhar com ele (normalmente, a equipe tem pouco menos de dois anos para preparar a mostra) além de definir o número de artistas e obras que vão integrar a exposição.
Elas são, também, os convites mais honrosos que os artistas podem receber. Muitos aproveitam a oportunidade para realizar projetos experimentais, de grande porte ou que necessitam de muita pesquisa e investimento. É um espaço de críticas e debates (as bienais são extremamente polêmicas) e também onde os artistas podem reconhecer perguntas que inquietam e inspiram artistas de outras partes do mundo.
Leia mais: “O que faz de um artista um artista?”
QUANDO TUDO COMEÇOU
A Bienal mais antiga é a de Veneza, inaugurada em 1895, com um modelo emblemático: cada país apresenta seus artistas selecionados em um pavilhão nacional. Em 2017, aconteceu a 57a edição desta bienal, que teve cerca de 85 pavilhões nacionais (entre eles o Brasil, que tem um espaço permanente em Veneza). Porém, a mostra de maior destaque é a coletiva criada por um curador que convida artistas das mais diferentes nacionalidades para compor sua mostra.

Obra de Sofia Borges na Bienal de São Paulo, em 2018
BIENAL PAULISTANA
Em segundo lugar de idade e importância, a Bienal de São Paulo teve sua primeira edição em 1951, e entre setembro e dezembro de 2018, entra na 33a edição. Por aqui, o modelo dos pavilhões nacionais nunca funcionou, mas a ideia de uma exposição-espetáculo continua de pé. A cada edição, um ou mais curadores (brasileiro ou estrangeiro) é selecionado pelo conselho da Fundação Bienal. Normalmente, esse curador também é responsável pelo pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, no ano seguinte. No Brasil também acontecem as bienais do Mercosul, em Porto Alegre, e de Curitiba.
Hoje, existem mais de 200 bienais no mundo todo (tem na Uganda, no Congo, em Bangladesh…). Se destacam os eventos que acontecem em países como Turquia (Bienal de Intambul), Coreia (Bienal de Gwangju), Austrália (Bienal de Sydney) e Cuba (Bienal de Havana). Só nos resta esperar por setembro – e aí o Brasil vai ferver!
Leia mais: “O que é arte contemporânea?”
Não tem nenhum comentário