Arco do Triunfo embrulhado: Christo e Jeanne-Claude e o sonho de embalar paisagens
Os artistas fizeram história embalando objetos, monumentos, paisagens e o até o ar, e são referência dessa tal de Land Art. Entenda!
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O italiano Maurizio Cattelan sustenta uma das obras mais aclamadas hoje em ironia e tiração de sarro. É dele o inesquecível trabalho “Comediante”, a banana milionária grudada com silver tape na parede da feira Art Basel, em Miami, que foi adquiria por três colecionadores. Ele fez o manual “Como fazer uma banana valer 120 mil dólares”, ridicularizando – e se aproveitando – de temas como a autoria, o consumo, a originalidade, as selfies do mercado de arte. Sim, ele estava pensando em tudo isso. Se você só ouviu falar em Maurizio Cattelan por conta da tal da banana, nessa matéria apresentamos outros trabalhos engraçados, engenhosos, memoráveis e imprescindíveis para entender a obra desse artista-comendiante:
FUTEBOL É PERFORMANCE
Tem gente que acredita futebol ser uma arte (o que eu não discordo), e também outras pessoas que transformam o esporte em obra de arte – caso do Maurizio Catellan. Em 1991, ele criou um time só seu. Numa cidade próxima a Bolonha, ele viu vários imigrantes do Senegal na rua e perguntou se eles gostariam de jogar futebol. Deu o nome ao time de Southern Suppliers FC, algo como fornecedores vindos do sul, que remetia ao uso do mão-de-obra imigrante e barata na Itália. Maurizio também criou uma marca patrocinadora do time, chamada RAUSS, a palavra alemã para “fora”, ou “vão embora”, que estampava a camisa do time. Ele fazia uma critica aos italianos xenófobos. O time era, na verdade, uma performance, mas acabou jogando em campeonatos nacionais em todo o país como se fosse um time real! (E perdeu…)
+ Leia tudo sobre a obra “Comendiate” nessa matéria
ATÉ PAPA ENTROU NESSA
Em suas esculturas hiperrealistas, Catellan retrata a si mesmo em situações de autodepreciação, como dentro de um caixão em seu próprio funeral ou com a cabeça saindo do chão de uma exposição como se fosse um intruso da própria mostra. Na polêmica A Nona Hora, fez uma réplica de cera do papa João Paulo II sendo atingido por um meteoro e se agarrando a sua cruz, em busca de apoio físico e espiritual. Assim, ele satiriza comportamentos imorais da igreja católica, assim como constrói uma crítica à própria arte, que se tornou uma forma de culto. Afinal, este trabalho só pode chegar a valer milhões se assinado por alguém como ele. Se estivesse numa vitrine de loja, porém, seria difícil ser notada.
CEMITÉRIO DOS VIVOS
Capa de livros como Sete dias do mundo da arte (não deixe de ler esse livro da Sarah Thorton!), a instalação feita com corpo de cavalos que passaram pelo processo de taxidermia e estão presos na parede como se tivessem saltado de cabeça na sua direção é um símbolo da arte contemporânea. É como se eles estivessem fugindo do perigo e, para isso, optassem se matar. O humor negro também está em obras como Eternity, que será apresentada em formato de cemitério, em Buenos Aires, no mês de setembro. Maurizio fez uma chamada pública para que artistas construam lápides de pessoas que gostariam de ver mortas.
TRONO DE OURO
Ele conseguiu colocar o Guggenheim no fogo cruzado com o presidente americano. Foi assim: em 2016, Maurizio Catellan fez uma privada de ouro para o museu nova-iorquino. O nome sugestivo da privada? America. É uma homenagem ao mictório de Marcel Duchamp, que formou filas durante todo o ano de pessoas querendo usar o banheiro público. Nesse período, Trump teve a infeliz ideia de pedir ao Guggenheim o empréstimo de uma pintura de Van Gogh. Mas a curadora-chefe do museu não só negou o pedido como ofereceu em troca a privada de ouro para a Casa Branca.
ELE ARREBENTA NAS MÍDIAS SOCIAIS
É divertidíssimo acompanhar o Instagram @mauriziocattelan, o perfil de um post só. Ou entrar no site Made in Catteland. E tem mais: em 2010, ao lado de Pierpaolo Ferrari, o artista fundou a revista Toilet Paper Magazine (@toiletpapermagazineofficial), uma publicação maluca de imagens e incrivelmente bem feita.
Por Julia Flamingo
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